
Rainer Werner Fassbinder. Die Sehnsucht der Veronika Voss. 1982. Still de filme.
Programa 7
2019-03-27 | 18h30
Goethe-Institut, Auditório
Campo dos Mártires da Pátria 37, 1169-016 Lisboa
Die Sehnsucht der Veronika Voss. (A Saudade de Veronika Voss, 1982, 104 Min.) de Rainer Werner Fassbinder.
Discussão: Judith Barry, Giovanbattista Tusa
Duração da sessão: 150 Min. | M / 16
Entrada livre, sujeita à lotação da sala.
As obras de arte, nomeadamente aquelas que trabalham a partir de material documental, podem oferecer um apelo particularmente desafiante para refletir sobre a realidade. Enquanto a ligação indexante à realidade que abordam garante ao som e à imagem uma credibilidade específica, a postura do artista, a sua escolha estética, temática e política, bem como a posição autorreflexiva, podem gerar uma avaliação crítica sobre a constituição dessa realidade. É neste ponto que a arte encontra a filosofia. A reflexão sobre a relação entre o mundo factual e a sua apropriação subjetiva, questionando as reivindicações hegemónicas de objetividade e autoridade e problematizando as contradições inerentes à sociedade, são, por imanência, questões filosóficas. Problematizar a realidade: encontros entre arte, cinema e filosofia é um conjunto de programas que decorre em vários espaços culturais da cidade de Lisboa, a partir de Junho de 2018, numa parceria entre IFILNOVA (CineLab) / FCSH / UNL, Goethe-Institut Portugal e Maumaus / Lumiar Cité e em colaboração com Apordoc / Doc’s Kingdom. Estes encontros internacionais entre artistas e investigadores focam-se no momento em que a arte, o cinema e a filosofia se entrelaçam num diálogo produtivo.
No sétimo e último programa desta série de conversas e projeção de filmes acontece o encontro entre a artista plástica Judith Barry e o filósofo Giovanbattista Tusa, acompanhado pela projeção de Die Sehnsucht der Veronika Voss (A Saudade de Veronika Voss, 1982), da autoria de Rainer Werner Fassbinder. Terceiro capítulo da sua trilogia sobre o pós-guerra na República Federal da Alemanha, juntamente com Die Ehe der Maria Braun (O Casamento de Maria Braun, 1978) e Lola (1981), o filme acompanha a história de uma antiga diva do cinema que recusa encarar o facto de a sua celebridade ter desaparecido com o fim do governo de Hitler. Caindo no esquecimento e negando ter sido a face do regime nazi, continua a agir de modo amaneirado, enquanto mergulha na toxicodependência e é vítima de um psiquiatra manipulador e mercantilista. Através de uma estética que lembra o film noir norte-americano, Veronika Voss sugere os complexos envolvimentos entre a história individual e coletiva, a realidade e a sua estilização cinematográfica, a brutalidade da indústria do cinema e a máquina de sonhos que representa.
Judith Barry (EUA) é artista plástica e ensaísta. O seu trabalho combina uma série de disciplinas, incluindo instalação / projetos de investigação, arquitetura / design de exposições, cinema / vídeo, performance / dança, escultura, fotografia e meios digitais. A sua obra foi apresentada internacionalmente, incluindo nos seguintes eventos: Berlin Biennale, Venice Biennale(s) of Art/Architecture, Sharjah Biennial, Bienal de S. Paulo, Nagoya Biennale, Carnegie International, Whitney Biennale, Sydney Biennale e documenta. As suas publicações incluem: “Body without Limits” (2009), “The Study for the Mirror and Garden” (2003), “Projections: mise en abyme” (1997) e “Public Fantasy” (1991). Atualmente, desempenha o cargo de Diretora do ACT-MIT Program in Art, Culture and Technology (Cambridge, Massachusetts).
Giovanbattista Tusa (Itália) vive e trabalha em Lisboa como filósofo e investigador de media, sendo investigador em Filosofia e Ecologia no Instituto de Filosofia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (IFILNOVA). Em 2017, em França, publicou em coautoria com Alain Badiou “De la fin”, atualmente a ser traduzido para inglês, português e espanhol. A sua pesquisa multidisciplinar abrange os campos da política radical, arte, cinema, ecocrítica, realismo ontológico, estudos animais e práticas contemporâneas.