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Alan Clarke, Baal. Still de Filme. © BFI.


Programa 2

2018-07-10 | 18h30
Goethe - Institut, Campo Mártires da Pátria
37, 1169-016 Lisboa, Portugal



Baal.
(1982, 64 Min.) de Alan Clarke
Elephant. (1989, 39 Min.) de Alan Clarke

Conversa :
Alberto Toscano, Simon Thompson


Duração da sessão: 120 Min. | M / 16
Entrada livre, sujeita à lotação da sala.
Requer levantamento de bilhete no próprio dia.

As obras de arte, nomeadamente aquelas que trabalham a partir de material documental, podem oferecer um apelo particularmente desafiante para refletir sobre a realidade. Enquanto a ligação indexante à realidade que abordam garante ao som e à imagem uma credibilidade específica, a postura do artista, a sua escolha estética, temática e política, bem como a posição autorreflexiva, podem gerar uma avaliação crítica sobre a constituição dessa realidade. É neste ponto que a arte encontra a filosofia. A reflexão sobre a relação entre o mundo factual e a sua apropriação subjetiva, questionando as reivindicações hegemónicas de objetividade e autoridade e problematizando as contradições inerentes à sociedade, são, por imanência, questões filosóficas.
Problematizar a realidade: encontros entre arte, cinema e filosofia é um conjunto de programas que decorre em vários espaços culturais da cidade de Lisboa, a partir de Junho de 2018, numa parceria entre IFILNOVA (CineLab) / FCSH / UNL, Goethe-Institut Portugal e Maumaus / Lumiar Cité e em colaboração com Apordoc / Doc’s Kingdom. Estes encontros internacionais entre artistas e investigadores focam-se no momento em que a arte, o cinema e a filosofia se entrelaçam num diálogo produtivo.

O segundo programa decorre no Auditório do Goethe-Institut, com o encontro entre o filósofo
Alberto Toscano e o artista plástico Simon Thompson, acompanhado pela projeção de Baal (1982) e Elephant (1989), ambos da autoria do realizador britânico Alan Clarke (1935-1990). Embora a maioria do seu trabalho tenha sido produzido no contexto televisivo, Alan Clarke utiliza a gramática do cinema focando comunidades negligenciadas, enclausuradas entre a divisão de classes e o poder das instituições patriarcais, criando um singular corpo de trabalho que o tornou num dos mais prestigiados autores britânicos, cuja influência é exercida nas novas gerações de atores, argumentistas e realizadores, incluindo Harmony Korine e Gus Van Sant. Protagonizada por David Bowie, no papel de um poeta alcoólico e mundano que despreza as normas da sociedade burguesa, Baal é a adaptação da peça teatral homónima que Bertolt Brecht concebeu como resposta ao expressionismo de Der Einsame (O Solitário), de Hans Johst, dramaturgo posteriormente alinhado com a ideologia nazi. Por seu lado, em Elephant, vagamente inspirado em relatórios policiais elaborados durante o conflito na Irlanda do Norte, Alan Clarke recorre a um conjunto dos seus célebres “walking shots”, à ausência de diálogos e de preocupações narrativas, expondo um dispositivo minimalista que oferece uma qualidade rítmica exemplar do uso do som e da imagem.

Alberto Toscano vive e trabalha em Londres como Professor de Teoria Crítica e Codiretor do Centre for Centre for Philosophy and Critical Thought no Goldsmiths College, University of London. Entre as suas publicações destacam-se: “Cartographies of the Absolute” (com Jeff Kinkle, 2015) e “Fanaticism: On the Uses of an Idea” (2010). Editou “The Italian Difference: Between Nihilism and Biopolitics”, com Lorenzo Chiesa, e traduziu obras de Alain Badiou, Antonio Negri, Furio Jesi e Franco Fortini. Atualmente, trabalha em dois projetos editoriais: o primeiro, sobre a tragédia enquanto forma política; o segundo, sobre filosofia, capitalismo e “abstração real”. Também prepara a edição em vários volumes da coletânea “Handbook of Marxism” (com Bev Skeggs e Sara Farris). Para além de fazer parte do conselho editorial da revista Historical Materialism: Research in Critical Marxist Theory, é editor da coleção The Italian List, da Seagull Books.


Simon Thompson é um artista plástico inglês que vive e trabalha em Bruxelas.